por Hugo Nisembaum
Vivemos um momento em que o futuro de trabalho e o trabalho no futuro são amplamente abordados, com perspectivas de robotização, precarização ou eliminação de muitas funções e assim como a criação de novas.
Com isso surgem as recomendações sobre as competências do futuro, e quais teremos que incorporar para navegar com tranquilidade na nova realidade.
Esse movimento de definir as competências do futuro não é algo novo, e muitas delas são velhas conhecidas, mesmo que as formas tenham mudado a raiz é a mesma. O que muda é a quantidade de fontes de informação e a velocidade da mudança demanda ou percebida.
Me veio com clareza a ideia de modernidade liquida proposta por Zygmunt Bauman.
“Escolhi chamar de modernidade líquida a crescente convicção de que a mudança é a única coisa permanente e a incerteza, a única certeza.”
A estas mudanças, cada vez mais disruptivas, que exigem adaptar-se em alta velocidade, se contrapõe a fragilidade de correr, escorregar e não ter tempo de refletir, de pensar.
Parece que a nossa segurança depende da velocidade que imprimimos na corrida e acaba por ser um valor apreciado para a sobrevivência. Porém, a velocidade não é propicia ao pensamento, pelo menos ao de médio e longo prazo e principalmente para quem quer ir além da sobrevivência. Nunca estivemos tão ansiosos, deprimidos e perdidos em relação ao futuro.
Em artigo recente do El Pais, uma pesquisa realizada pela Hays na Espanha aponta uma revolução silenciosa, 80 % dos gestores tem intenção de procurar novas oportunidades em outras empresas, estão buscando empresas que sejam mais humanas, que permitam uma vida mais equilibrada e com menos pressão da digitalização.
No mesmo artigo, a pesquisa afirma que 70% dos que procuram mudanças não sabem o que querem nem para onde irão.
É importante tomar distância, dar-se um tempo para reformular. Entenda primeiro realmente o que quer, no que é bom, quais são os seus diferenciais, onde quer contribuir.
Esse movimento é importante já que a tendência natural é buscar os cursos e temas do momento de uma forma mais impulsiva ou buscando resultado imediato.
Muitas vezes, existe espaço de reformulação dentro da sua própria empresa.
Antes de procurar fora, procure internamente; a sua empresa deve saber que busca uma mudança de posição, de maneira de trabalhar. E mudar de posição não significa necessariamente mudar de cargo, principalmente quando a realidade hoje aponta cada vez mais a trabalhar por projetos e cada vez mais horizontalmente.
As mudanças que você propõe podem ser uma amostra clara da tua capacidade de adaptação, de flexibilidade, de aplicar melhor as tuas habilidades e talentos, trabalhar com maior autonomia e compromisso, e isso comprovadamente resulta em maior produtividade e bem-estar.
A primeira consideração ao tomar uma decisão de mudança ou incorporar algo novo é verificar como isso agrega valor para você e para os demais.