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Burnout e a má gestão de energia produtiva.

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matches burnout

por Hugo Nisembaum e Miguel Nisembaum

A OMS recentemente incluiu o burnout na classificação internacional de doenças, ou seja, a síndrome fica entre as enfermidades e estatísticas de saúde que serão prevalentes nos próximos anos.

A síndrome é descrita como "uma síndrome resultante de um estresse crônico no trabalho que não foi administrado com êxito" e é caracterizada por três elementos “sensação de esgotamento, cinismo ou sentimentos negativos relacionados ao seu trabalho e eficácia profissional reduzida”

Para quem gosta de números é um prato cheio e existe uma séria de pesquisas com indicadores diretos e indiretos do impacto do burnout, seguem alguns dados interessantes.

Segundo a ISMA-BR (International Stress Management Association) 33 milhões de brasileiros são afetados de alguma forma pela síndrome.

A mesma associação estimou que a falta de produtividade causada pela exaustão gera um prejuízo de 3,5% ao PIB.

85% das pessoas estão desengajadas ou insatisfeitas com seu trabalho, a pesquisa global feita pela Gallup se repete ano após ano e os índices não mudam

Em um outro estudo feito pela empresa Kronos and Future Workplace 95% dos líderes de recursos humanos admitem que o burnout está sabotando a retenção de colaboradores.

Esta posição da OMS irá permitir estabelecer critérios mais claros de diagnóstico e protocolos de tratamento da síndrome.

Existem abordagens que podem contribuir não só do ponto de vista tratamento e diagnóstico, mas também pensando em prevenção.

Certamente a forma com que estamos trabalhando afeta nosso bem-estar, como também nossa capacidade de criar, colaborar e produzir.

As vezes temos a sensação que se tivéssemos mais tempo disponível, nosso nível de stress seria diferente. O tempo sem dúvida é um recurso precioso, mas ele não é renovável.

Nossas energias ao contrário do tempo são renováveis.

Outra solução vista é fazer algo que seja significativo ou que represente uma atividade que me dá muita satisfação. Também é importante, mas não só!

Nesses casos a pressão e exigência interna são enormes, estou comprometido e engajado, os resultados podem vir, mas ainda assim mesmo fazendo o que gosto me sinto desgastado.

Talvez não se trate só de ter mais tempo ou fazer uma atividade significativa, existe um equilíbrio necessário entre momentos de descanso, concentração e renovação de energia.

Existe um estudo famoso feito por Anders Ericson, que muitas vezes é lembrado só pela importância das 10.000 horas de prática, o que não se fala tanto é do outro aspecto revelado pelo estudo. Os violinistas de destaque participantes do estudo não só trabalhavam com mais intensidade, como também cuidavam de seu descanso.

Os melhores violonistas tinham uma rotina de prática clara de 4 horas diárias em blocos de aproximadamente 90 minutos completamente concentrados e reconheciam a importância de uma pausa para recuperar energia.

Precisamos aprender a avaliar nosso trabalho e dos outros pela atenção plena dedicada e pelo valor entregue e não pelas horas, esforço ou quantidade de atividades.

Tony Schwartz em seu livro Antiprodutividade propõem um modelo com quatro fontes principais de energia.

  • Energia física:

Isto implica em um equilíbrio entre atividade física, alimentação, e horas de sono.

O nosso organismo funciona por ritmos e existe até uma ciência especifica que estuda isto, a cronobiologia. É importante respeitar os ciclos circadianos(diários) e ultradianos(horários).

O psicólogo Roy Baumeister tem recomendações muito interessantes em seu livro Willpower de como a alimentação pode afetar nossa força de vontade ao executar uma tarefa.

  • Energia Emocional:

A qualidade da tua energia. Como você se sente influencia profundamente como você se desempenha. Como você lidera e interage com os outros.

Proporcionar, viver e valorizar momentos de emoções positivas é um fator importante para nosso bem-estar.  

Um exercício simples proposto pela pesquisadora Barbara Fredrickson é listar as coisas positivas que aconteceram ao longo do dia, um diário da Gratidão.

  • Energia Mental e Cognitiva:

A qualidade da tua energia mental, a capacidade de concentração e foco. Isto tem impacto na profundidade e produtividade do trabalho. 

Concentração, realizamos um melhor trabalho quando focamos uma coisa por vez. Somos 25 % menos produtivos quando atuamos no modo multitarefa.

Duas recomendações para alimentar este aspecto. Somar teus talentos com temas que te apaixonam, que te façam vibrar e não menos importante trabalhar aspectos de atenção plena.

Atividades de mindfulness podem contribuir para ampliar essa concentração e sensação de fluir ao realizar uma atividade.

Leia também.

Mindfulness e decisões estratégicas.

  • Energia de Propósito e Significado:

A energia que surge do propósito e significado no que fazemos. Esta energia direciona os nossos comportamentos nos outros três níveis.  

Segundo Kashdan e Mcknight propósito é um objetivo de vida que organiza e estimula metas, gerencia comportamentos e fornece um senso de significado.

O propósito oferece direção da mesma forma que uma bussola oferece a direção para um navegador.

Algumas recomendações:

Estabeleça um propósito amplo que inclua também aspectos de vida pessoal

Que seja algo relevante e forte o suficiente para influenciar escolhas e comportamentos.

Que seja algo autêntico e consciente.

O interessante neste modelo é que existem critérios de medição e metodologia para as empresas e profissionais incorporarem uma melhor gestão de energia em seu dia-a-dia.

Levar em consideração elementos que proporcionem bem-estar é fundamental para prevenir os extremos que levam a uma situação de burnout, nós devemos proporcionar isso a nós mesmos e as empresas aos seus colaboradores.