por Hugo Nisembaum
(publicado originalmente em 13.08.2013)
Hoje tive mais uma constatação do que é sincronicidade. Trabalhando num projeto onde promovemos a utilização dos Pontos Fortes, chega um artigo de Jeremy McCarthy, responsável por um blog que acompanho e recomendo :The Psychology of Wellbeing.
Ele cita uma frase de Bruce Lee, que recomenda que sejamos como a água, que sem forma, se adapta a diversos conteúdos sem perder a sua essência, criando um ajuste perfeito ou encontrando a melhor maneira de fluir.
Esta analogia me agrada muito já que nos permite relacionar o que a psicologia positiva enxerga como possibilidades de obter bem estar e significado no trabalho.
Não se trata de encontrar o “trabalho dos sonhos” e sim encontrar maneiras de flexibilizar e adaptar-se ao seu meio e achar o “molde” perfeito ou uma perfeita fluidez.
Temos a tendência de pensar que certos trabalhos podem ser altamente significativos (um cirurgião) e outros menos (um auxiliar de limpeza no hospital).
Pesquisas realizadas por Amy Wrzesniewski da Yale University sugerem que as pessoas possuem diferentes orientações para o trabalho, independente da natureza do trabalho que realizam. No mesmo hospital podem ter médicos que encaram seus trabalhos simplesmente como “empregos” ou uma forma de ganhar a vida, e lá mesmo podem ter auxiliares de limpeza que enxergam seu trabalho como um “chamado”, e sentem um grande significado naquilo que fazem, já que relacionam o seu trabalho com a geração de bem estar para os pacientes.
Um fator muito importante é o senso de autonomia que as pessoas percebem nos seus trabalhos, ou como conseguem direcionar suas carreiras. Os caminhos que escolheram tem propósitos definidos?
Ou simplesmente estão se deixando levar, sem controle, e sem influenciar na direção?
Uma maneira de reordenar e dar propósito aos trabalhos na busca de aproveitar o que existe de melhor em cada um é o que chamamos de Job Craft ou Redesenho do Trabalho.
Basicamente, Redesenho do Trabalho ou Job Craft promove mudanças sutis nas suas maneiras de trabalhar que lhe permitem usar mais autonomia, aproveitar melhor os seus Pontos Fortes ou expressar melhor os seus valores pessoais na busca de uma vida mais significativa.
Propomos que as pessoas conheçam os seus Pontos Fortes, que verifiquem em que medida estão conseguindo dar plena expressão nos seus trabalhos e a partir de ali analisem os seus trabalhos observando 3 aspectos:
A mudança no escopo e nas tarefas. As pessoas podem fazer com que os seus trabalhos se tornem mais plenos agregando tarefas que permitem desenvolver ou usar os seus pontos fortes e manifestar os seus valores pessoais, o que traz maior significado ao que fazem. Sabendo que nem todos tem a liberdade de mudar as tarefas designadas, a possibilidade de enfatizar certas tarefas ou redesenhar tarefas de maneira mais consistente aos seu Pontos Fortes e Valores.
A mudança nos relacionamentos. As pessoas obtém muito significado na vida por meio das suas conexões com outras. Usar o trabalho como um meio de construir e formar relacionamentos com outras pode fornecer um caminho para grande bem estar e significado no ambiente de trabalho.
A mudança de percepções. Em muitos casos, não é a mudança em si dos aspectos do trabalho e sim mudar a maneira como nos relacionamos com o mesmo. Considere o exemplo do auxiliar de limpeza no hospital, que enxerga o seu trabalho como uma parte importante da recuperação dos pacientes. Ele está fazendo o mesmo trabalho que outros auxiliares de limpeza, porem consegue extrair mais significado do trabalho pela forma de encará-lo.
Sendo como a água, deixamos de buscar a carreira ou o chamado perfeito.
Muitas vezes, como ouvi dizer em um cliente, “as pessoas precisam criar a cadeira na qual querem sentar-se, levando em conta suas motivações pessoais, seus pontos fortes, seus interesses”. O trabalho ideal não existe, é algo que cada um precisa criar.
JobCrafting - Como reformular seu trabalho para ser mais feliz e aproveitar melhor o seu potencial.