por Hugo Nisembaum
Só um terço das pessoas conseguem identificar os seus talentos (Hill,2001) e mais assustador ainda é que só 17% afirma usar seus talentos a maior parte do dia-a-dia. (Buckingham 2007).
Aqui é importante ressaltar que talentos não são dons especiais são capacidades naturais que TODOS temos e podemos aplicar de maneira produtiva.
Esta definição da Psicologia Positiva e Neurociência sobre Talentos é bastante ampla:
A capacidade de sentir, pensar e comportar-se, promovendo um ótimo funcionamento da pessoa com resultados de valor.
Quando aplicamos nossos talentos sentimos satisfação, não vemos o tempo passar e não vemos a hora de aplicá-los novamente.
Identificar nossas capacidades é fundamental tanto pessoalmente como para times e organizações.
Na grande maioria das ocasiões em que acontece um processo de identificação de potencial existem tentações que acabam limitando a manifestação plena da capacidade de indivíduos e times.
Identificar e rotular:
Seligman apresenta evidências de que simplesmente dar nome aos talentos além de mais uma vez colocar etiquetas ou rótulos (Ei. Extrovertido vs. Introvertido ou quais são meus 5 talentos mais importantes) não promove motivação, esforços, eficácia interpessoal ou outros aspectos de performance pessoal ou florescimento.
Identificar e usar:
Uma vez que conheço ou conhecem o meu potencial, uma imagem cristalizada aparece e as oportunidades que me são oferecidas permitem o uso das minhas capacidades, mas não desafiam o meu desenvolvimento.
A abordagem “identifique e use” ao rotular ou colocar talentos como etiquetas tem o potencial de levar a pessoa a um baixo desempenho. Se a pessoa acredita que o seu novo senso de identidade é uma entidade estável, é pouco provável que invista esforços desenvolvendo talentos e busque novas oportunidades para usá-los. É o que a Carol Dweck diferencia entre mindset fixo e mindset de crescimento.
Acreditar que os talentos são uma entidade estável pode levar a pessoa a focar principalmente nos seus pontos fracos pensando que tem mais espaço para crescer neles do que nas suas fortalezas.
Uma outra abordagem – Identifique e Desenvolva:
Entender os talentos como uma constelação de capacidades que podem ter influência do momento e contexto. E que principalmente não trabalham isolados e estão em constante evolução.
Identifique, mas priorize o desenvolvimento dos talentos. Isto permite que a pessoa aprenda a saber quando e como usar mais ou menos esses talentos e o impacto do seu uso em outras pessoas de forma a aumentar a sua eficácia.
Nesta abordagem é importante fornecer informações as pessoas para que possam fazer bom uso das capacidades mais frequentes, que possam desenvolver aspectos potenciais e trace um plano para concretizá-los.
E aqueles talentos menos frequentes, administrar, tanto se complementando com outras pessoas ou incorporando conhecimentos ou metodologias que contribuam para suprir uma capacidade menos presente.
Comparação entre as duas abordagens.
Identifique e use.
- Capacidades relativamente imutáveis.
- Pode promover Fixed Mindset.
- Talentos não existem isolados.
- Pode não investir esforços em desenvolver pontos fortes e encontrar novas oportunidades.
- Acaba rotulando.
- Aplicações limitadas para melhoria de qualidade de vida.
Identifique e desenvolva.
- Abordagem dinâmica.
- Promove Growth Mindset
- Constelação de talentos.
- Capacidades pessoais ou potenciais que podem ser cultivadas aplicando esforços de forma eficaz.
- Com desafios diferentes, ênfase em talentos diferentes.
- Leva em consideração contexto e ambiente.