por Miguel Nisembaum.
Se a grande maioria de nossas escolhas profissionais acontecessem como quando escolhemos um hobby seriamos mais felizes e produtivos.
Alguns elementos para fazer uma boa escolha de um hobby e por que não dos próximos desafios do trabalho.
1-Interesses:
O ambiente, é sem dúvida um fator que pode contribuir para essa escolha.
Se desde cedo tenho acesso e exposição a uma variedade de temas consigo ampliar meu repertório de escolha. (Várias modalidades de esporte, exposição a natureza, literatura, cinema, conhecimentos gerais, quadrinhos, games, diferentes estilos de música, culturas e realidades sociais).
Interesses aparentemente desconexos além de ampliar conhecimento podem contribuir positivamente para abertura a novas experiencias e criatividade. Segundo Scott Barry Kaufman pesquisador da University of Pennsylvania a abertura a novas ideias e experiencias contribui para resultados mais criativos.
E natural que ao longo da vida nossos interesses mudem mesmo que dentro de uma mesma área mais ampla, posso iniciar praticando um esporte e ao longo da vida, mudar ou incorporar outros. Ou ainda iniciar tocando um instrumento ou estilo de música e mudar ao longo da vida.
2-Consigo descobrir, aplicar e aprimorar meus talentos:
Se é natural mudar de interesses e objetivos ao longo da vida é importante considerar se esta mudança permite aplicar minhas capacidades naturais da forma mais plena possível.
Entendendo talentos como capacidades naturais, ou segundo a psicologia positiva sentimentos, comportamentos e pensamentos frequentes que posso aplicar de forma produtiva.
De alguma forma naquela atividade consigo fluir melhor, me sinto satisfeito e não vejo a hora de manifestar meus talentos novamente.
3- Geração de bem-estar:
Martin Seligman um dos pioneiros da psicologia positiva definiu cinco fatores que contribuem para o bem-estar das pessoas e geralmente um hobby tem estes fatores manifestados.
Um hobby gera emoções positivas, contribui para a busca de significado, pode proporcionar relacionamentos positivos (Cozinhar para alguém, tocar com os amigos, jogar RPG, jogar basquete), engajamento (a satisfação em realizar a atividade gera comprometimento) e finalmente realização (ganhar um jogo, conseguir montar um quebra-cabeças, ou tocar uma música que gosto).]
4- Um bom equilíbrio entre desafio e satisfação:
Este equilíbrio é importante se pensamos justamente em um hobby como algo que dá uma sensação de autonomia e liberdade e por consequência de fluidez.
Esses aspectos são conquistados aos poucos, por isso os desafios que me coloco precisam me tirar da zona de conforto, mas não a ponto de gerar frustração.
Estabeleça uma meta maior como norte e vá estabelecendo metas menores a cada etapa do caminho.
Ao longo do tempo vamos conquistando essa autonomia e liberdade desejada.]
5- Perseverança:
Quando vou incorporar os conhecimentos e habilidades necessárias para realizar aquele hobby a frequência de estudo e prática é muito importante.
Para manter esta frequência é importante trabalhar nestes dois fatores: autocontrole e garra.
Faz um tempo venho acompanhando o trabalho sobre autocontrole e garra da pesquisadora da Penn State Angela Duckworth, e é interessante que segundo as pesquisas que ela fez a presença constante destes dois elementos indicam sucesso em longo prazo se somados a talentos, habilidades, conhecimentos e experiência.
6- Gestão de Energia:
Tony Schwarz em seu livro “The Way we work is not working” considera a importância de respeitarmos nossos ciclos biológicos intercalando momentos de concentração, renovação e descanso.
Estes ciclos também devem ser respeitados seja incorporando ou aprimorando um hobby ou no trabalho.
O livro questiona também o antigo modelo de trabalho com base nas 40 horas semanais, um modelo que funcionava na era industrial e não faz mais sentido em atividades que exigem muito mais de nossa capacidade intelectual, cognitiva e criativa.
Ter um hobby amplifica nossa capacidade de aprendizado:
Quando você pratica um hobby você incorpora novas habilidades e formas de pensar e isso se reflete em seu aprendizado no trabalho.
O Dr. Kevin Eschleman da San Francisco State University estuda as correlações entre hobbies e performance no trabalho, entre as atividades estão em destaque yoga, esportes em equipe, artes marciais, aprender a tocar um instrumento.
Fica uma reflexão individual na importância de respeitar esses elementos em nossas escolhas pessoais e de carreira e para as empresas ao contratar e desenvolver seus colaboradores.