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Psicologia positiva: ampliando a colaboração em times ágeis

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artigoPositiveAgile

por Miguel Nisembaum

O movimento Agile e as metodologias decorrentes já transcendem as startups e a área de tecnologia.

De acordo com pesquisa realizada pela empresa de Software VersionOne com 1492 participantes de diversos setores há uma expansão da adoção da metodologia.

25% dos participantes disseram que quase todas as equipes utilizam alguma metodologia Agile, na mesma pesquisa realizada em 2016 esse valor foi de apenas 8%.

Aspectos comportamentais tem uma influência enorme e representam os principais entraves e fatores de sucesso de equipes ágeis.

A ideia desse artigo é apresentar como as intervenções da Psicologia Positiva (ciência que foca no bem-estar e no que existe de melhor em cada um) podem contribuir para a criação de uma cultura e equipes ágeis.

Segundo a mesma pesquisa da VersionOne os principais desafios na implantação de valores ágeis estão na Cultura da Organização (53%), na Resistencia organizacional à mudança (46%) e no Patrocínio e Suporte Inadequado dos gestores (42%).

Agora se formos à origem de tudo em 2001 quando o Manifesto Ágil foi escrito, também temos em sua raiz aspectos comportamentais como valores principais, por exemplo: Indivíduos e Interações, Colaboração e velocidade de Respostas a mudanças.

Para que o artigo fique mais didático vamos considerar a contribuição da Psicologia Positiva nestes 5 itens:

1- Cultura Organizacional:

Uma cultura organizacional negativa tem um impacto enorme nos resultados de negócios, segundo uma pesquisa feita pela Gallup 17% dos colaboradores deixam seus cargos por problemas com o ambiente de trabalho ou com seus gestores.

Um ambiente negativo não favorece a colaboração, resposta a mudança e muito menos a inovação.

O modelo PERMA criado por Martin Seligman, um dos fundadores da psicologia positiva, pode ser uma boa escala de medida da qualidade do ambiente e do bem-estar dos colaboradores.

Para quem não conhece Perma é um acrônimo de 5 elementos que quando trabalhados levam ao bem-estar.

P= Emoções Positivas.

E= Engajamento.

R= Relacionamentos Positivos.

M= Significado (Meaning).

A= Realizações (Accomplishment).

É possível medir estes elementos através da escala PERMA de medição e propor uma revisão de processos que ajudem a estimular a sua aplicação, incorporados não em um programa de desenvolvimento, mas no dia-a-dia da organização.

Saiba mais sobre o P.E.R.M.A. neste artigo:

P.E.R.M.A. – Psicologia Positiva e um modelo de bem-estar nas empresas.

2- Resposta à Mudança:

Em um mundo VUCA a velocidade da mudança é tão acelerada que isso implica revisar constantemente o que sabemos, o que fazemos e onde e com quem vamos atuar.

Lazlo Bock ex-Vp de People do Google e sua equipe fizeram um estudo enorme sobre o que levava as equipes a excelência e constatou que onde havia segurança psicológica, ou seja, onde as pessoas podiam se manifestar livremente e com menos medo de errar, os resultados eram melhores.

Outro elemento importante que pode e deve ser trabalhado diariamente com os colaboradores é incorporar e reforçar um Mindset de Crescimento. Segundo Carol Dweck de Stanford pessoas que incorporam um Mindset de Crescimento tem garra para aprender, encarar desafios, persistir, aprender com as críticas e se inspiram pelo sucesso dos outros.

Todos esses aspectos podem e devem ser estimulados.

E ter um cuidado enorme para não rotular!

Rotular-se e rotular aos outros contribui enormemente para limitar, e num mundo que muda com tanta velocidade limitar-se é péssimo. Contribui para um Mindset Fixo.

Existe um conceito que deriva do design thinking e da psicologia positiva chamado JobCraft que tem como base a reformulação de como enxergamos nosso trabalho (significado), os limites de nosso trabalho (tarefas e atividades), e os relacionamentos no trabalho (como e com quem queremos/ precisamos nos relacionar).  Redesenhar nossa maneira de atuar com frequência é um elemento fundamental em equipes ágeis.

3- Patrocínio e suporte dos gestores:

Um patrocínio e suporte adequado dos gestores a equipes e processo ágeis é fundamental para uma implantação e adesão de sucesso das metodologias.

O gestor tem uma responsabilidade enorme na criação deste ambiente de segurança psicológica mencionado no estudo do Google.

Na liderança positiva consideramos alguns eixos que devem ser incorporados pelos gestores.

  • Conhecer o potencial e aspirações dos indivíduos e equipes.
  • Propor e estimular autonomia.
  • Comunicação positiva (em equipes de alta performance a razão de comunicações positivas é maior do que comunicações negativas e críticas)

Além de trabalhar o que mencionamos antes no modelo P.E.R.M.A.

4- Colaboração:

Estudos sugerem que nossos relacionamentos com outras pessoas são nossa melhor garantia para reduzir nossos níveis de estresse e melhorar nossa concentração e foco no trabalho. Isso ocorre porque, a cada vez que nos conectamos genuinamente com outra pessoa, o hormônio oxitocina, que induz o prazer, é liberado na corrente sanguínea, ajudando a reduzir a ansiedade e melhorar nossa concentração.

Kim Cameron um dos principais autores da Psicologia Positiva aplicada a equipes indica atraves de suas pesquisas que networks de energia positiva impactam a performance 4 vezes mais que a capacidade de influencia ou informaçao disponivel.

O próprio Cameron criou formas de medir e implantar networks de energia positiva nas empresas.

5- Indivíduos e Interações:

Existem alguns eixos que podem contribuir para priorizar indivíduos e interações em equipes ágeis.

O é conhecer e investir prioritariamente nos Pontos Fortes dos membros do time e isso inclui: Identificar e desenvolver seus talentos/ capacidades naturais, habilidades e conhecimentos necessários e experiencia.

O é trabalhar a complementariedade entre os membros da equipe e isto representa uma mudança, distribuindo os desafios e atividades de acordo com a capacidade e interesse de cada um e não de acordo a descrição de função ou cargo. Esse trabalho de complementariedade também ajuda a que haja maior tolerância em relação as diferenças existentes na equipe.

As intervenções da Psicologia Positiva sobre Pontos Fortes em indivíduos e equipe acabam gerando um ambiente de maior colaboração, uma vez que as pessoas concentram suas energias nos desafios onde podem e querem brilhar mais.

Conclusão:

Se grande parte dos entraves do trabalho de equipes ágeis vem de fatores comportamentais, nada mais adequado que adotar intervenções e práticas que contribuam para que indivíduos e equipes desenvolvam o que tem de melhor e na geração de um ambiente de excelência no trabalho.